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sexta-feira, 20 de março de 2009

Em nome do pai, do filho, e de todo o resto da familia infectada...



Em um mundo em que os interesses econômicos e políticos fazem parte do exército da indiferença sendo, ao mesmo tempo, cúmplices e comparsas um do outro, as esperanças de uma vida digna e de perspectivas de futuro muitas vezes são depositadas em agentes sobre-humanos, vida após a morte e em um conjunto de promessas, dogmas e rituais que fazem tudo isto parecer muito mais atrativo: as religiões.

E, assim, multidões inumeráveis lotam os templos da fé, em todos os rincões do planeta, erigidos como mesquitas, centros e, dentre outros, igrejas, em busca de respostas, conforto e esperança.

Diante de tantas desigualdades sociais, dor, fome, violência e abandono, uma infinidade de pessoas não vê alternativa que não seja “entregar suas vidas a Deus”, seja ele qual for, ou quais forem. As religiões então, como instituições representantes do elo homem/sobre-homem, são detentoras de um grande poder no ceio da sociedade, principalmente de informação e controle social, e uma conseqüente, e importantíssima, responsabilidade.

É extremamente alarmante, portanto, e espantosa, a maneira como a maior de todas elas, e a mais poderosa ao longo da história, a igreja católica, se posiciona frente a uma das enfermidades mais cruéis que o homem conhece atualmente cuja cura, até hoje, se esquiva dos cientistas: a AIDS.

Em um cenário de índices caóticos de desenvolvimento humano, acesso a recursos e a serviços de saúde publica, encontra-se 22 milhões de africanos infectados por este vírus. O continente que, supostamente, é o berço da humanidade, padece diante de uma perversa realidade.

O número assustador de infectados, que corresponde a 2/3 do total em todo o mundo, parece não sensibilizar as estruturas dos poderes políticos e econômicos, já que com cifras muito inferiores a dos 200 bilhões de dólares gastos na guerra do Iraque, se poderia diminuir brutalmente o sofrimento de milhões de seres humanos.

Empresas donas de patentes de medicamentos que combatem os efeitos desta enfermidade se negam a negociar seus “produtos” de maneira mais acessível aos países mais pobres, inclusive exigindo juridicamente de suas concorrentes que também não o façam quando uma ou outra demonstra a intenção de fazê-lo, alegando “concorrência injusta de mercado”.

Por outro lado, o Papa, representante máximo da igreja católica, declara que a doença é "uma tragédia que não pode ser combatida apenas com dinheiro ou a distribuição de preservativos, os quais podem, inclusive, aumentar o problema."

Que não se combate somente com dinheiro e preservativos é verdade, é óbvio e está claro, que o uso de preservativos pode aumentar o problema, pode ser considerado como verdade se for analisado do ponto de vista que é mais prudente não fazer sexo a fazer com proteção. Porém, o Papa esqueceu-se de algumas coisas, na verdade creio mais que se fez de esquecido (para não utilizar um termo mais agudo): que o fato de não serem as únicas soluções não as fazem ser menos importantes, e que, ademais, os investimentos em medicamentos (pesquisas e acessibilidade), em prevenção, em infra-estrutura sanitária e em distribuição gratuita e em massa de preservativos são as maneiras mais eficientes que conhecemos (inclusive ele) para combater a disseminação da doença e o tratamento dos enfermos. Além do que, a castidade, além de ser uma grandíssima hipocrisia, não garante o controle da enfermidade, visto que ela não apenas é sexualmente transmissível, e o relacionamento pós-casamento não imuniza nem homem, nem mulher.

Não obstante, se todas estas questões se limitassem ao âmbito ideológico, ainda que não parecessem menos incoerentes, poderiam ser aceitas, simplesmente pelo respeito à liberdade de opinião, porém a postura da igreja católica extrapola os limites da ideologia e chega à manipulação, à extrema hipocrisia, à mentira e a mais absoluta irresponsabilidade ao afirmar que o preservativo não é um instrumento de prevenção contra a transmissão do vírus HIV por “ter poros e permitir a passagem do vírus transmissor”.

Dentro deste esquivo jogo de respeito e manipulação, necessidade e ilusão, poder e influencia, não é difícil “imaginar” uma conexão dos interesses supra-expostos de economia e política com os religiosos, afinal, não é de hoje que a igreja representa não apenas os seus próprios interesses.

Esta postura, propagada por aqueles que tantas pessoas carentes confiam ilude, manipula, maltrata e, acima de tudo: mata!

Posicionando os dogmas numa escala de importancia superior ao seguimento de seus próprios mandamentos, e acima da essencial preservação da vida humana.

Mais do que nunca, os representante da “santíssima” igreja, deveriam olhar para os céus, encher o peito e dizer a plenos pulmões:

“Que Deus tenha piedade de nós”




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