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domingo, 28 de junho de 2009

Brasil x EUA



A história é um domínio de todas as dimensões: do espaço e do tempo.
É construída no presente, retrata o passado e projeta um futuro, mas nem sempre essa projeção condiz com a realidade. Porque não se conta o futuro. O futuro se constrói.
E nessa copa das confederações...
A história já parecia contada, antes mesmo de acontecer
Brasil x Espanha na final.
O Brasil chegou lá, mas o seu suposto adversário ficou pelo caminho, dando espaço para EUA, aquele que ninguém acreditava que passaria, ao menos, da primeira fase.
Ninguém acreditava também, que além de chegar à final, eles terminariam o primeiro tempo ganhando por 2x0 os pentacampeões do mundo.
Aqueles que costumam construir a história a seu modo, independentemente da história dos outros, roubavam a cena
Mas na história do futebol, há um elemento que escapa do espaço e do tempo, (ainda que não escape da história): a camiseta!
E a amarela, de cinco estrelas, pôs as coisas no seu devido lugar
Devolvendo a história à sua dimensão
No futebol, pelo menos nele…
No, they didn`t can!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

La noche


foto de Alice Jardim

À noite
Os deuses dormem...

Com os olhos fechados perdem o controle
Despertando todos os instintos humanos
Alimentando todos os medos
E as esperanças de um dia melhor...

Dia
após
Dia
Noite
após
Noite

O escuro, as sombras, o perigo

a noite...

A simplicidade das formas esfumadas
As silhuetas destacadas
As pupilas dilatadas

a noite...

A noite é dos mascarados
Dos boêmios
Dos errantes
Dos espíritos livres
Dos meliantes

E dos enamorados

A noite é de todos

E a noite...
não é a carência de luz
Nem o dia...
é carência de escuridão
Um e outro são parte
e todo

Luz e escuridão se mesclam

Na imensidão de todos os dias

No ciclo diário de todas as vidas

domingo, 21 de junho de 2009

Que tudo não termine em taça (de champagne)


O Brasil voltará a sediar uma copa do mundo 64 anos depois do “Maracanaço”, como ficou conhecida a final de 1950 quando 200 mil pessoas testemunharam a derrota brasileira frente ao Uruguai, o que foi, seguramente a maior tragédia da nossa história futebolística.

Para a copa de 2014, no entanto, a temível tragédia começa desde o momento do anuncio do Brasil como sede oficial: a de que os recursos públicos corram pelo ralo da corrupção em desvios de verbas, superfaturamentos e, na melhor das hipóteses, em obras milionárias que não proporcionarão o devido retorno aos investimentos feitos em sua construção.

Este mês, foram anunciadas as cidades-sede e os respectivos estádios que serão palco dos jogos de 2014. Dentre as 12 cidades escolhidas, pelo menos nove devem usar dinheiro público para construir estádios, o que contradiz a enfática declaração no ano passado, do Sr. Ricardo Teixeira, presidente da Confederação brasileira de futebol, de que a copa do mundo seria totalmente realizada com recursos privados.

Muitos estádios novos serão construídos, ou em terrenos desocupados ou sobre os escombros estruturais e históricos de outros. Em Recife, por exemplo, será construído um estádio totalmente novo dentro de um complexo criado para o mundial, chamado de Cidade da copa, com shopping center, conjuntos residenciais e local para eventos. A dúvida é que utilidade terá esse estádio depois que passar o mês de competição, no pequeno município de São Raimundo, enquanto cada um dos três clubes importantes de Pernambuco já possui seus próprios estádios e que, pelo menos dois deles, poderiam ser reformados para a copa.

Poderiam... Se não fosse inevitável a obrigação de cumprir, à risca, cada uma das “recomendações” da entidade máxima do futebol. Afinal é preciso encher os olhos dos patrocinadores e proporcionar um grande espetáculo televisivo. E, para isso, segundo o critério daqueles que “recomendam” é imperativo construir estádios padronizados para todo o mundo, como se a cultura não fosse um componente essencial na arquitetura.

Em Manaus, onde nenhum clube joga, ao menos, a terceira divisão do campeonato nacional, e que em clássicos não é incomum um público de 150 pessoas, será construído um Vivaldão totalmente novo sobre o atual, que será demolido. O valor da obra, custeado pelo governo local, será de 500 milhões de reais, mais ou menos uns 5 hospitais de médio porte, equipados com salas cirúrgicas, UTI e tomografia computadorizada. Levando em consideração que, no Brasil, os custos finais geralmente são bem maiores que os anunciados inicialmente (vide o exemplo do PAN do Rio, onde os valores gastos foram, pelo menos, o triplo do orçamento inicial), calculemos uns 8 hospitais, mais ou menos.

Na linha do “Ninho de pássaro”, estádio ícone das olimpíadas de Pequim do ano passado, o novo Vivaldão fará alusão, em sua forma, a palhas e texturas de pele de répteis. É o Brasil mostrando um pouco da identidade amazônica – através de um escritório de arquitetura alemão (assim como em Natal). Nada mais coerente, afinal o modelo de estádio, estabelecido pelas exigências padronizadoras da FIFA, tem muito mais a ver com a Alemanha que com o Brasil.

Em Cuiabá, somente o gramado do Verdão será aproveitado. Uns “4 hospitais” serão investidos, com dinheiro público, claro.

Enquanto isso a FIFA já fechou todos os contratos de patrocínio possíveis para o mundial de 2014. Um valor em torno de 2 bilhões de dólares que o Brasil não verá, sequer, a cor. Antes, ele será usado para, dentre outras coisas, financiar as viagens dos cartolas e suas hospedagens em hotéis de luxo. Ou seja, o povo brasileiro paga a conta, mas quem bebe são eles.

Por falar em beber... Abramos um parêntese:

Uma das boas noticias no cenário de realização da copa no Brasil, é que uma velha conhecida dos estádios brasileiros voltará a aparecer: a boa e velha cerveja gelada. Se o trabalhador tupiniquim terá condições financeiras de tomá-la ou, pelo menos, de entrar no estádio, já é outra história...

Os problemas estruturais da educação e segurança pública, assim como as desigualdades sociais voltam a ser os responsáveis pela geração de violência nos estádios de futebol, imaginem que disparate! O consumo de bebidas alcoólicas foi inocentado no tribunal da FIFA. O fato de um dos seus principais patrocinadores ser uma companhia de bebidas, certamente não tem nada a ver com isso...

Fecha parêntese...

É bem verdade que a realização da copa não se limita a construção de estádios. O Brasil deve passar, nos próximos 5 anos, por uma grande reestruturação da infra-estrutura de suas cidades, pelo menos das que sediarão o mundial. Aeroportos, vias de tráfego e transporte público devem ser modernizados e terem seus serviços expandidos. O turismo deve crescer, empregos diretos e indiretos devem ser criados etc.

É verdade também que é possível que, através de parcerias, cheguem recursos externos para contribuir com esse processo. Mas a dúvida persiste: o resultado da equação configurada pelo que vamos pagar e o que vamos ter de benefícios será realmente positivo ou mais um espetáculo de pirotecnia política?

Será a realização de uma copa do mundo, o segundo maior evento esportivo do mundo, uma oportunidade de desenvolvimento para a nação brasileira ou de enriquecimento ilícito dos líderes políticos?

Não se sabe...

A nós, cabe transferir para a esfera social o que já é parte da cultura do futebol: exigir!

Exigir transparência nas contas, objetividade no emprego de recursos e responsabilidade social para que, ao final da copa do mundo, a conquista de uma taça de campeão não seja o máximo que tenhamos a comemorar.

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