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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O que acontece conosco? O mundo não chora a morte de Michel Jakson!



Morreu tragicamente no dia 25 de Junho de 2009 Michel Jakson da Silva, um menino de 8 meses: mais uma vítima brasileira da fome e da desnutrição infantil. Era o quinto filho de uma família do sertão nordestino, o segundo a morrer prematuramente e pelo mesmo mal endêmico.

Após passar dois dias em uma enfermaria de sua pequena cidade, Michel foi levado a um hospital na capital do Estado. Chegou em situação crítica, estava inchado, tinha os lábios cortados e mal conseguia respirar. Seus pais tinham esperança, mas no dia seguinte, de hemorragia digestiva, ele não resistiu.

Michel morreu, mas o mundo não chora a sua morte. Para o mundo, ele nada mais é que um número numa redundante e inerte estatística. Somente seus pais lhe renderão homenagens e somente em suas memórias ele viverá eternamente.

Em seu funeral não haverá músicas, caixão à ouro, imprensa, artistas nem fãs (ele sequer teve a oportunidade de cultivá-los)

Somente haverá lágrimas e dor

De um mundo que precisa dirimir o espetáculo de seus exageros

E parar de nutrir-se de suas vergonhas.



terça-feira, 7 de julho de 2009

TV Record em: "O bem e o mal"


A TV Record, fundada na década de 50, teve o seu apogeu nos anos 60, quando se tornou líder nacional de audiência. No entanto, 20 anos depois, no final da década de 80, estava à beira da falência quando foi comprada pelo pastor Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.

Com o providencial slogan de “de volta pro futuro”, a trajetória da empresa começou a mudar. Nesse caso, o Delorean voador que viajava no tempo ao atingir a velocidade de 88 m/h se chamava: Bufunfa!

Isso mesmo! Money! O que é good nós não have! Dinheiro!

Conhecido pela Igreja Universal como: dízimo

Altos investimentos ampliaram a estrutura física da empresa e sua amplitude de cobertura. Hoje, a Record é mais do que uma das principais emissoras de televisão aberta do Brasil. Com a Record Internacional as fronteiras do país são rompidas levando a sua programação e a “cultura brasileira” para o mundo.

Esse cenário de prosperidade fez com que nos últimos anos vários atores, jornalistas e artistas deixassem a principal emissora do país, a Globo, para incorporarem-se a Rede Record, o que era completamente impensável há alguns anos atrás.

Os carros-chefe da emissora são os programas jornalísticos e as telenovelas, que atingem altos índices de audiência, ainda que seja difícil de acreditar, levando-se em consideração a qualidade (ou a falta de) impressa nestas produções. O fato é que há alguma coisa nas novelas que tem o intrigante potencial de prender as pessoas na frente da telinha. Ainda que seja muito ruim, é legal! Sabe-se lá Deus por quê. E olhem que, no caso da Record, Deus tem tudo a ver com isso... De uma maneira, ou de outra.

Dentre as telenovelas, a saga de “Poder paralelo” está estruturada em uma organização mafiosa de origem italiana e por um emaranhado de crimes e traições. O personagem Bruno, autentico cafajeste, que cometeu adultério com a própria irmã da esposa, é um dos protagonistas. Outro protagonista é Toni Castelamari, um dos líderes da organização mafiosa que, ainda que esteja afundado até o pescoço em tráfico de drogas e negociações de armas com as FARC, não deixa de ser um galã italiano, romântico, sedutor... Gente boa o cara! Adorado pelas mulheres, e pela audiência, claro.

Em “A lei e o crime”, o retrato que a Record faz do “bem” e do “mal” através do turvo cenário das relações entre polícia, traficantes, políticos e sociedade civil, mostra uma sociedade frágil, governada por políticos maquiavélicos ultra-poderosos, uma polícia corrupta por um lado e refém das burocracias da lei, por outro e, sobretudo, traficantes justos, que só matam “sem intenção” (“Aí Dona, não queria atirar em ninguém não!”), ou quando são traídos por “xisnoves” ou algo parecido. Traficantes que trabalham com a associação de moradores em benefícios para a comunidade, através da esposa do líder, Nandinho da bazuca, que com esse apelido tão charmoso não poderia deixar de conquistar o carinho do público, que está sempre torcendo pra sua bazuca entrar em ação.

Já em “Os mutantes: caminhos do coração”, novela que, de tão grotesca, o telespectador crítico não sabe se ri ou se chora, a bizarrice já começa no nome, passa pela quimérica história e termina nos efeitos especiais de quinta categoria. A historieta, que conta com a presença de vampiros, lobisomens, mutantes e casaizinhos apaixonados, retrata uma disputa entre bem e mal sobre o pano de fundo do mais brega romantismo e aulas de como não se deve atuar. É mais ou menos uma “Malhação” versão “terror chanchada”.

O que tem em comum entre estas histórias é uma luta inevitável entre as forças do bem e as forças do mal, sendo que o mal, para o deleite daqueles que odeiam os mocinhos, sempre leva ligeira vantagem, conquistando, quase sempre, a simpatia e a torcida da audiência.

Dentro dessa mesma audiência, quase todos conhecem um episódio que aconteceu em 1995 (na vida real e sem os efeitos especiais de “Mutantes”) que ficou conhecido como “chute na santa”, quando o bispo Sérgio Von Hélder apareceu, num programa da madrugada da Record, chutando a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Desta mesma época é a matéria-denúncia da TV Globo que mostrou Edir Macedo ensinando a seus pupilos como extorquir dinheiro dos “fiéis”, utilizando termos como: “ou dá ou desce”.

A TV Globo tinha dupla motivação, além da própria informação, nessa matéria - denúncia: uma era a de defender a Igreja católica e a outra, bem menos nobre, e tampouco menos justa, era a de defender os interesses da própria Globo, afinal “queimar o filme” dos evangélicos da Record seria excelente, já que a concorrente ganhava cada vez mais expressão e audiência. Mas queimar é um verbo que a trupe de Edir Macedo domina com uma eloqüência de convencer cego de poder enxergar (e de doar todo o seu dinheiro em nome dessa crença).

Quase todos conhecem também, nesse cenário, o histórico de abusos e práticas de pseudo-curas de enfermidades levadas a cabo pela igreja criada por Edir Macedo, que chegou a ser preso em 1992, acusado de charlatanismo e curandeirismo. Mais tarde, sem nenhuma surpresa, o bispo foi inocentado das acusações e o episódio, ao contrário de manchar a sua imagem, ilustrou a capa da sua biografia (uma foto de Edir lendo a bíblia dentro da prisão).

Estima-se que a Igreja Universal do Reino de Deus tenha mais de 15 milhões de fiéis no Brasil e templos em mais de 172 países do mundo (para se ter uma idéia do imperialismo, a McDonalds, maior rede de fastfood do mundo, está em 118 países), o que significa, direta e indiretamente, um potencial de crescimento imensurável para a Rede Record, que tende a configurar um ciclo retro alimentador.

Diante de todas as polêmicas existentes em torno do bispo Edir Macedo e da legião de pessoas que o amam e que o odeiam, que o repugnam e que o admiram, certamente existem algumas unanimidades. E uma delas, seguramente, é a de que o cara é um gênio de uma espécie de marketing viral, e que sabe, como poucos, utilizar essa genialidade e o seu poder de persuasão e eloqüência em prol dos seus objetivos pessoais e institucionais (ainda que ao fim e ao cabo um e outro sejam mais ou menos a mesma coisa), afinal se o pastor e a programação de sua televisão conseguiram fazer a sociedade sentir simpatia por policiais meliantes e torcer por traficantes, mafiosos, cafajestes, vampiros e até por mutantes, tornar aceitável meros chutes em santas de barro e curadinhas que não dão resultados é moleza!

Perto desses personagens surrealistas ou não, os líderes da Igreja Universal só não são comparados a santos para não abrir concorrência.

domingo, 28 de junho de 2009

Brasil x EUA



A história é um domínio de todas as dimensões: do espaço e do tempo.
É construída no presente, retrata o passado e projeta um futuro, mas nem sempre essa projeção condiz com a realidade. Porque não se conta o futuro. O futuro se constrói.
E nessa copa das confederações...
A história já parecia contada, antes mesmo de acontecer
Brasil x Espanha na final.
O Brasil chegou lá, mas o seu suposto adversário ficou pelo caminho, dando espaço para EUA, aquele que ninguém acreditava que passaria, ao menos, da primeira fase.
Ninguém acreditava também, que além de chegar à final, eles terminariam o primeiro tempo ganhando por 2x0 os pentacampeões do mundo.
Aqueles que costumam construir a história a seu modo, independentemente da história dos outros, roubavam a cena
Mas na história do futebol, há um elemento que escapa do espaço e do tempo, (ainda que não escape da história): a camiseta!
E a amarela, de cinco estrelas, pôs as coisas no seu devido lugar
Devolvendo a história à sua dimensão
No futebol, pelo menos nele…
No, they didn`t can!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

La noche


foto de Alice Jardim

À noite
Os deuses dormem...

Com os olhos fechados perdem o controle
Despertando todos os instintos humanos
Alimentando todos os medos
E as esperanças de um dia melhor...

Dia
após
Dia
Noite
após
Noite

O escuro, as sombras, o perigo

a noite...

A simplicidade das formas esfumadas
As silhuetas destacadas
As pupilas dilatadas

a noite...

A noite é dos mascarados
Dos boêmios
Dos errantes
Dos espíritos livres
Dos meliantes

E dos enamorados

A noite é de todos

E a noite...
não é a carência de luz
Nem o dia...
é carência de escuridão
Um e outro são parte
e todo

Luz e escuridão se mesclam

Na imensidão de todos os dias

No ciclo diário de todas as vidas

domingo, 21 de junho de 2009

Que tudo não termine em taça (de champagne)


O Brasil voltará a sediar uma copa do mundo 64 anos depois do “Maracanaço”, como ficou conhecida a final de 1950 quando 200 mil pessoas testemunharam a derrota brasileira frente ao Uruguai, o que foi, seguramente a maior tragédia da nossa história futebolística.

Para a copa de 2014, no entanto, a temível tragédia começa desde o momento do anuncio do Brasil como sede oficial: a de que os recursos públicos corram pelo ralo da corrupção em desvios de verbas, superfaturamentos e, na melhor das hipóteses, em obras milionárias que não proporcionarão o devido retorno aos investimentos feitos em sua construção.

Este mês, foram anunciadas as cidades-sede e os respectivos estádios que serão palco dos jogos de 2014. Dentre as 12 cidades escolhidas, pelo menos nove devem usar dinheiro público para construir estádios, o que contradiz a enfática declaração no ano passado, do Sr. Ricardo Teixeira, presidente da Confederação brasileira de futebol, de que a copa do mundo seria totalmente realizada com recursos privados.

Muitos estádios novos serão construídos, ou em terrenos desocupados ou sobre os escombros estruturais e históricos de outros. Em Recife, por exemplo, será construído um estádio totalmente novo dentro de um complexo criado para o mundial, chamado de Cidade da copa, com shopping center, conjuntos residenciais e local para eventos. A dúvida é que utilidade terá esse estádio depois que passar o mês de competição, no pequeno município de São Raimundo, enquanto cada um dos três clubes importantes de Pernambuco já possui seus próprios estádios e que, pelo menos dois deles, poderiam ser reformados para a copa.

Poderiam... Se não fosse inevitável a obrigação de cumprir, à risca, cada uma das “recomendações” da entidade máxima do futebol. Afinal é preciso encher os olhos dos patrocinadores e proporcionar um grande espetáculo televisivo. E, para isso, segundo o critério daqueles que “recomendam” é imperativo construir estádios padronizados para todo o mundo, como se a cultura não fosse um componente essencial na arquitetura.

Em Manaus, onde nenhum clube joga, ao menos, a terceira divisão do campeonato nacional, e que em clássicos não é incomum um público de 150 pessoas, será construído um Vivaldão totalmente novo sobre o atual, que será demolido. O valor da obra, custeado pelo governo local, será de 500 milhões de reais, mais ou menos uns 5 hospitais de médio porte, equipados com salas cirúrgicas, UTI e tomografia computadorizada. Levando em consideração que, no Brasil, os custos finais geralmente são bem maiores que os anunciados inicialmente (vide o exemplo do PAN do Rio, onde os valores gastos foram, pelo menos, o triplo do orçamento inicial), calculemos uns 8 hospitais, mais ou menos.

Na linha do “Ninho de pássaro”, estádio ícone das olimpíadas de Pequim do ano passado, o novo Vivaldão fará alusão, em sua forma, a palhas e texturas de pele de répteis. É o Brasil mostrando um pouco da identidade amazônica – através de um escritório de arquitetura alemão (assim como em Natal). Nada mais coerente, afinal o modelo de estádio, estabelecido pelas exigências padronizadoras da FIFA, tem muito mais a ver com a Alemanha que com o Brasil.

Em Cuiabá, somente o gramado do Verdão será aproveitado. Uns “4 hospitais” serão investidos, com dinheiro público, claro.

Enquanto isso a FIFA já fechou todos os contratos de patrocínio possíveis para o mundial de 2014. Um valor em torno de 2 bilhões de dólares que o Brasil não verá, sequer, a cor. Antes, ele será usado para, dentre outras coisas, financiar as viagens dos cartolas e suas hospedagens em hotéis de luxo. Ou seja, o povo brasileiro paga a conta, mas quem bebe são eles.

Por falar em beber... Abramos um parêntese:

Uma das boas noticias no cenário de realização da copa no Brasil, é que uma velha conhecida dos estádios brasileiros voltará a aparecer: a boa e velha cerveja gelada. Se o trabalhador tupiniquim terá condições financeiras de tomá-la ou, pelo menos, de entrar no estádio, já é outra história...

Os problemas estruturais da educação e segurança pública, assim como as desigualdades sociais voltam a ser os responsáveis pela geração de violência nos estádios de futebol, imaginem que disparate! O consumo de bebidas alcoólicas foi inocentado no tribunal da FIFA. O fato de um dos seus principais patrocinadores ser uma companhia de bebidas, certamente não tem nada a ver com isso...

Fecha parêntese...

É bem verdade que a realização da copa não se limita a construção de estádios. O Brasil deve passar, nos próximos 5 anos, por uma grande reestruturação da infra-estrutura de suas cidades, pelo menos das que sediarão o mundial. Aeroportos, vias de tráfego e transporte público devem ser modernizados e terem seus serviços expandidos. O turismo deve crescer, empregos diretos e indiretos devem ser criados etc.

É verdade também que é possível que, através de parcerias, cheguem recursos externos para contribuir com esse processo. Mas a dúvida persiste: o resultado da equação configurada pelo que vamos pagar e o que vamos ter de benefícios será realmente positivo ou mais um espetáculo de pirotecnia política?

Será a realização de uma copa do mundo, o segundo maior evento esportivo do mundo, uma oportunidade de desenvolvimento para a nação brasileira ou de enriquecimento ilícito dos líderes políticos?

Não se sabe...

A nós, cabe transferir para a esfera social o que já é parte da cultura do futebol: exigir!

Exigir transparência nas contas, objetividade no emprego de recursos e responsabilidade social para que, ao final da copa do mundo, a conquista de uma taça de campeão não seja o máximo que tenhamos a comemorar.

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