A TV Record, fundada na década de 50, teve o seu apogeu nos anos 60, quando se tornou líder nacional de audiência. No entanto, 20 anos depois, no final da década de 80, estava à beira da falência quando foi comprada pelo pastor Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
Com o providencial slogan de “de volta pro futuro”, a trajetória da empresa começou a mudar. Nesse caso, o Delorean voador que viajava no tempo ao atingir a velocidade de 88 m/h se chamava: Bufunfa!
Isso mesmo! Money! O que é good nós não have! Dinheiro!
Conhecido pela Igreja Universal como: dízimo
Altos investimentos ampliaram a estrutura física da empresa e sua amplitude de cobertura. Hoje, a Record é mais do que uma das principais emissoras de televisão aberta do Brasil. Com a Record Internacional as fronteiras do país são rompidas levando a sua programação e a “cultura brasileira” para o mundo.
Esse cenário de prosperidade fez com que nos últimos anos vários atores, jornalistas e artistas deixassem a principal emissora do país, a Globo, para incorporarem-se a Rede Record, o que era completamente impensável há alguns anos atrás.
Os carros-chefe da emissora são os programas jornalísticos e as telenovelas, que atingem altos índices de audiência, ainda que seja difícil de acreditar, levando-se em consideração a qualidade (ou a falta de) impressa nestas produções. O fato é que há alguma coisa nas novelas que tem o intrigante potencial de prender as pessoas na frente da telinha. Ainda que seja muito ruim, é legal! Sabe-se lá Deus por quê. E olhem que, no caso da Record, Deus tem tudo a ver com isso... De uma maneira, ou de outra.
Dentre as telenovelas, a saga de “Poder paralelo” está estruturada em uma organização mafiosa de origem italiana e por um emaranhado de crimes e traições. O personagem Bruno, autentico cafajeste, que cometeu adultério com a própria irmã da esposa, é um dos protagonistas. Outro protagonista é Toni Castelamari, um dos líderes da organização mafiosa que, ainda que esteja afundado até o pescoço em tráfico de drogas e negociações de armas com as FARC, não deixa de ser um galã italiano, romântico, sedutor... Gente boa o cara! Adorado pelas mulheres, e pela audiência, claro.
Em “A lei e o crime”, o retrato que a Record faz do “bem” e do “mal” através do turvo cenário das relações entre polícia, traficantes, políticos e sociedade civil, mostra uma sociedade frágil, governada por políticos maquiavélicos ultra-poderosos, uma polícia corrupta por um lado e refém das burocracias da lei, por outro e, sobretudo, traficantes justos, que só matam “sem intenção” (“Aí Dona, não queria atirar em ninguém não!”), ou quando são traídos por “xisnoves” ou algo parecido. Traficantes que trabalham com a associação de moradores em benefícios para a comunidade, através da esposa do líder, Nandinho da bazuca, que com esse apelido tão charmoso não poderia deixar de conquistar o carinho do público, que está sempre torcendo pra sua bazuca entrar em ação.
Já em “Os mutantes: caminhos do coração”, novela que, de tão grotesca, o telespectador crítico não sabe se ri ou se chora, a bizarrice já começa no nome, passa pela quimérica história e termina nos efeitos especiais de quinta categoria. A historieta, que conta com a presença de vampiros, lobisomens, mutantes e casaizinhos apaixonados, retrata uma disputa entre bem e mal sobre o pano de fundo do mais brega romantismo e aulas de como não se deve atuar. É mais ou menos uma “Malhação” versão “terror chanchada”.
O que tem em comum entre estas histórias é uma luta inevitável entre as forças do bem e as forças do mal, sendo que o mal, para o deleite daqueles que odeiam os mocinhos, sempre leva ligeira vantagem, conquistando, quase sempre, a simpatia e a torcida da audiência.
Dentro dessa mesma audiência, quase todos conhecem um episódio que aconteceu em 1995 (na vida real e sem os efeitos especiais de “Mutantes”) que ficou conhecido como “chute na santa”, quando o bispo Sérgio Von Hélder apareceu, num programa da madrugada da Record, chutando a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Desta mesma época é a matéria-denúncia da TV Globo que mostrou Edir Macedo ensinando a seus pupilos como extorquir dinheiro dos “fiéis”, utilizando termos como: “ou dá ou desce”.
A TV Globo tinha dupla motivação, além da própria informação, nessa matéria - denúncia: uma era a de defender a Igreja católica e a outra, bem menos nobre, e tampouco menos justa, era a de defender os interesses da própria Globo, afinal “queimar o filme” dos evangélicos da Record seria excelente, já que a concorrente ganhava cada vez mais expressão e audiência. Mas queimar é um verbo que a trupe de Edir Macedo domina com uma eloqüência de convencer cego de poder enxergar (e de doar todo o seu dinheiro em nome dessa crença).
Quase todos conhecem também, nesse cenário, o histórico de abusos e práticas de pseudo-curas de enfermidades levadas a cabo pela igreja criada por Edir Macedo, que chegou a ser preso em 1992, acusado de charlatanismo e curandeirismo. Mais tarde, sem nenhuma surpresa, o bispo foi inocentado das acusações e o episódio, ao contrário de manchar a sua imagem, ilustrou a capa da sua biografia (uma foto de Edir lendo a bíblia dentro da prisão).
Estima-se que a Igreja Universal do Reino de Deus tenha mais de 15 milhões de fiéis no Brasil e templos em mais de 172 países do mundo (para se ter uma idéia do imperialismo, a McDonalds, maior rede de fastfood do mundo, está em 118 países), o que significa, direta e indiretamente, um potencial de crescimento imensurável para a Rede Record, que tende a configurar um ciclo retro alimentador.
Diante de todas as polêmicas existentes em torno do bispo Edir Macedo e da legião de pessoas que o amam e que o odeiam, que o repugnam e que o admiram, certamente existem algumas unanimidades. E uma delas, seguramente, é a de que o cara é um gênio de uma espécie de marketing viral, e que sabe, como poucos, utilizar essa genialidade e o seu poder de persuasão e eloqüência em prol dos seus objetivos pessoais e institucionais (ainda que ao fim e ao cabo um e outro sejam mais ou menos a mesma coisa), afinal se o pastor e a programação de sua televisão conseguiram fazer a sociedade sentir simpatia por policiais meliantes e torcer por traficantes, mafiosos, cafajestes, vampiros e até por mutantes, tornar aceitável meros chutes em santas de barro e curadinhas que não dão resultados é moleza!
Perto desses personagens surrealistas ou não, os líderes da Igreja Universal só não são comparados a santos para não abrir concorrência.
Recado à Renan Silva:
ResponderExcluir"Balela", pura "balela", você não sabe o que pensa seu idiota.
Além de me achar idiota, gostaria de saber o que você pensa...
ResponderExcluirhuahuaha! muito bom! o cara fala o q quer, e nem tem a coragem de dizer o própio nome!
ResponderExcluirBalela, pura balela são pessoas como vc ""anônimo"", manipulados por pessoas inteligentes que os fazem de marionetes e sugam tudo o que tem.
E no final de tudo, vcs ainda continuam pensando que são melhores.
Balela, pura balela, como dizem seus companheiros:
Meu Deus (como se existissem mais de um) é melhor que o seu. PQ ele existe nas coisas simples da vida, na conduta de carater e na boa vontade e descencia com o próximo, e não num pastor corrupto.
Balela ...pura balela!