As mudanças que foram impostas na veiculação da imagem, propostas políticas e números dos candidatos parece ter privado as cidades de toda aquela já característica poluição visual que estávamos acostumados: outdoors aos montes com rostos iguais geralmente acompanhados de papagaios de pirata, hierarquicamente mais privilegiados para atrair votos, camisas estampadas com nomes e números que deveriam representar esperança e que, no entanto, pareciam antes simbolizar bilhetes de loteria (onde a chance de o apostador ganhar é mínima) ou pétalas de flor sendo arrancadas num uni-duni-tê – não seria bem-me-quer, mal-me-quer? Bem, de Julho a Outubro dos anos pares os políticos só não querem bem os seus adversários políticos.
Em substituição, milhares de pessoas empunham bandeiras e as movimentam como se estivessem num jogo de futebol torcendo pelo seu time do coração (quando o fiscal, o famoso “chumbeta”, está por perto), quando não, bandeira e “bandeirador” se apóiam mutuamente, e debaixo do sol escaldante em busca de uma sombra proporcionada pelo tecido da bandeira, naquela semi-simbiose ninguém sabe quem é quem. Os meninos que aprenderam a fazer malabares nos sinais só não aderiram à temporária profissão porque fazer malabarismos rende muito mais.
Temos agora,além disso, o horário gratuito de campanha na televisão, adesivos em carros, pinturas em muros, santinhos e os famigerados carros de som: ensurdecedores como sempre, onipresentes como nunca.
Tá, mas melhorou um pouco, pelo menos ainda podemos admirar os outdoors da Coca-Cola.
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