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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Todas as coisas são infinitas


“Que não seja eterno, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

Assim falou Vinicius de Moraes no soneto do amor total. Ele se referia ao amor, o sentimento que deu vida a muitos poetas, o maior de todos os sentimentos.

A afirmação parece ser paradoxal, quando diz: “que seja infinito enquanto dure”.

Mas, talvez nem tanto.

Ora, os conceitos de infinito e de durabilidade são à primeira vista completamente opostos. O primeiro não reconhece limites, o segundo é em sua essência um limite.

Ou não?

Pensemos na dor. O que é a dor?

Segundo Aurélio, dor é uma “sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão de localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especiais”.

Essa é a definição técnica para o conceito de “dor”, mas vamos à pratica.

Como você está agora? Bem? Mal? Está doente? Sadio? Sente alguma dor?

Peço perdão pela falácia, mas essa pergunta não tem a menor importância. O que na verdade importa é que se trata de conceitos opostos, ou seja, não se pode estar são e doente ao mesmo tempo, não se pode sentir dor e não sentir dor ao mesmo tempo, ou se sente, ou não se sente e pronto.

Mas, enfim, qual a linha-limite entre uma enxaqueca e um estado físico plenamente são?

Quero dizer, você espera por uma determinada festa de aniversário durante várias semanas, quando enfim chega a data tão esperada, você está com uma fortíssima dor de cabeça e mal consegue se levantar da cama. Você deseja muito ficar bom até a hora da festa. Você sabe que essa dor é passageira, sabe que mesmo que ela não permita que você vá a tal festa, que amanhã acordará bem melhor (obviamente isso não serve de consolo).

A questão é: entre a dor e a “não dor” só existem vãos conceitos. Quando se está doente, não se pode de forma alguma experimentar a sensação de se estar são. Você já esteve inúmeras vezes sadio, na verdade o seu estado físico normal é de saúde plena. No entanto nos momentos em que se está doente, nada pode fazer resgatar a sensação de experimentar uma saúde plena e a “não dor”, exceto o tempo.

Visto que não de pode demarcar uma linha especifica entre esses dois estados, talvez possamos concluir que as sensações de dor e de “não dor” são infinitas...

Mas somente enquanto duram.

Voltemos aos conceitos iniciais. Duração, para o Aurélio quer dizer: “o tempo que uma coisa dura”. Só que o mesmo Aurélio mostra também uma concepção filosófica do termo, pelo filósofo francês Henry Bérgson. Ela diz: Duração é “a sucessão das mudanças qualitativas dos nossos estados de consciência, que se fundem sem contornos precisos e sem possibilidades de medição”.

Sem contornos precisos.

Sem possibilidade de medição.

Esse processo, e essa é a grande questão, se adéqua a qualquer linha de pensamento que você quiser adotar.

Absolutamente TUDO é infinito enquanto dura.

Os próprios estados de “vida” e de “não-vida”, “vida” e “morte” só podem ser experimentados segundo esses mesmos preceitos.

Experimentamos a vida, de uma forma infinita.

Somos vivos, e assim o somos infinitamente.

Infinitamente...

Mas somente enquanto duramos.

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