Sou verde...
me movo, sacolejo, corro, esperneio mas permaneço verde
choro, rio, conto piadas, mango de alguém e quando penso que não...
ainda me vejo verde
no espelho
na minha imagem refletida no rio
quando olho pros meus braços
é tudo verde
eu leio, releio, deito a cabeça, viro de bruços, fico de lado mas não adianta
parece uma sina
eu continuo verde
verde demais!
já fui à igreja, ao culto, à reunião, à varias palestras
já comi ostia, já tomei passe, já conversei com Cumpádi Zézin filho de Anita Iaiá
mas não consegui entender
e... adivinhe...
continuo verde
já me pintei de amarelo com um balde de tinta, de branco com cal, de preto com graxa e até de vermelho com coloral
mas...
jamais deixei de ser verde
já falei com o fazendeiro, o pedreiro, o despachante, o budista, o carroceiro, o frentista e o encanador
de novo ninguém me explicou
e...
ainda...
verde
me aperriei fui procurar nos livros
lá tava escrito: “o verde é a cor da esperança”
fiquei feliz
se o verde é a cor da esperança eu posso ter... esperança... de um dia deixar de ser
Verde.
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