Seja bem vindo!

Este é o blog de mais um aspirante a símio!
Algumas das imagens presentes nos posts são links para assuntos afins.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

João e o cérebro (trecho do livro: "O cérebro: um guia para o usuário" de John J. Ratey, Ed. Objetiva

João está caminhando numa avenida de uma cidade muito movimentada e segue as orientações que lhe foram dadas para chegar a um apartamento que nunca visitou. A rua é barulhenta e escura. João ouve um estrondo às suas costas.

Como o corpo de João reage?

Sinais sonoros chegam, ao ouvido e daí avançam rumo ao córtex cerebral, que seria a parte do cérebro responsável por “pensar conscientemente”. Alguns sinais são desviados por um atalho até a amídala que verifica se é necessária ou não uma ação imediata. Esse minúsculo grupo de células cerebrais grita para o sistema nervoso autônomo: “O que é isso? Busque. Descubra. Fique alerta!”.

O aparelho nervoso autônomo trata logo de passar em revista as funções vitais do corpo através de sinais que se originam no cingulado anterior e são retransmitidos para o hipotálamo e a medula espinhal. O aparelho tem dois ramos: o sistema nervos simpático e parassimpático. Estes enviam neurônios para regular órgãos internos como o coração, pulmão, estomago e genitais. eles mantêm o corpo equilibrado para que o córtex possa se dedicar aos serviços conscientes como visão, audição, fala, pensamento, emoção e movimento voluntário.

No momento seguinte àquele em que a amídala grita “emergência”, o sistema nervoso parassimpático suprime por breves instantes os batimentos do coração, a respiração e outras funções internas. Acalma todos os sistemas para que João possa concentrar-se na percepção e análise da informação que lhe chegou, e cria no corpo um tempo de espera para que o córtex possa avaliar com eficácia a natureza do tal estrondo antes de João reagir a ele. Um instante depois entretanto, o sistema nervoso simpático esta empurrando para cima a pressão sanguínea, o pulso e a respiração, e produzindo adrenalina para dar aos músculos a força e resistência de que João precisa a fim de se preparar para luta ou para fuga.

Enquanto isso está acontecendo, a percepção e os sinais de alerta chegam ao córtex frontal, que avalia a situação e decide se existe ou não perigo. Se, através da visão, constatar que o estrondo foi originado por um gato que tropeçou numa pilha de latas vazias, ele tranqüiliza a amídala dizendo: “Não há nada a temer”. A partir daí revertem-se os sinais do sistema nervoso simpático. A pressão sanguínea declina e os batimentos cardíacos voltam ao normal. O cérebro inferior cede parte do controle a porções cerebrais superiores e João começa a “pensar” sobre o que está acontecendo em vez de meramente reagir.

Mas se um homem de semblante feroz estiver agitando no ar uma arma de fogo, sinais são imediatamente enviados ao hipotálamo. Ao invés de outras respostas que requerem um processo de tomada de decisão, essa resposta evita a passagem pelo córtex superior e, ao contorná-lo pode determinar uma ação imediata. Porque desempenha um papel crucial na regulação dos sistemas do corpo, o hipotálamo é frequentemente referido como o cérebro do cérebro.

Uma descarga de CRF(fator liberador de corticotropina), o hormônio do próprio estresse cerebral, aumenta a ansiedade e vigilância, e instruções são, por fim, enviadas as glândulas supra-renais para que liberem epinefrina(adrenalina) e cortisol, o hormônio do estresse, e preparem o nosso amigo para a ação apropriada. O hipotálamo também comanda a glândula pituitária, a glândula mestra do corpo, a qual segrega hormônios que afetam todas as principais glândulas do corpo.

Estes sistemas reativam a amídala e o tronco cerebral, acionando o sistema nervoso simpático para colocar o corpo de João numa sobremarcha que o fará correr como nunca (até o pé bater na bunda).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui:

Seguidores