Seja bem vindo!

Este é o blog de mais um aspirante a símio!
Algumas das imagens presentes nos posts são links para assuntos afins.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ruskin, Le Duc e Brandi, sua aceitação (ou não) na contemporaneidade.


Para Brandi, o estético prevalece sobre o histórico/funcional, pois a condição artística é aquilo que diferencia a obra de arte dos outros produtos da ação humana. Le Duc defendia que existiam formas diversas de se associar harmonicamente forma e função, estrutura e ornamentação. Já Ruskin acreditava que nem forma nem função, o que havia de valoroso na arquitetura seria aquilo que ela carrega na sua essência, aquilo que ela tem de “infinito”.

Essa discussão relaciona as idéias desses grandes pensadores dentro de diálogos da contemporaneidade. Arquitetura: Forma ou função? A tese de Violet Le duc era a de que o restauro deveria proceder estabelecendo um estado completo à obra que na verdade poderia nunca ter existido. Essa postura despertou o repúdio de alguns críticos por ser considerada uma postura invasiva sobre o monumento, apesar disso foi um teórico muito importante e de reconhecido valor.

O conceito de “algo de outro”, defendido pelo filosofo alemão Martin Heidegger quando se refere a “não matéria” da obra de arte é defendido também por Cesare Brandi mesmo que de forma indireta. Ele acredita que o ato da restauração jamais atingirá a “alma” da obra e exatamente por isso deve agir sobre a matéria de forma que qualquer intervenção seja facilmente reconhecível diante do contexto original, sem os exageros da anastilose.

John Ruskin é o mais radical de todos esses teóricos. Ele diz que a poesia e a arquitetura são os grandes vencedores do esquecimento humano, e é na relação dessas duas artes que reside à essência da sua obra. A sua abordagem é carregada de uma poética admirável, no entanto pouco coerente.

A casa, para ele teria um caráter quase de santidade, pois permeava dentro dela a essência, a vida e história do homem que nela viveu, daí a idéia de que a arquitetura deveria ser conservada, mas nunca restaurada. A escora da laje devido a um pilar defeituoso funcionaria tal qual uma moleta apoiando um paciente machucado.

A incoerência citada no parágrafo anterior se refere ao fato de que o “não restauro” significa a aceitação da deteriorização do mobiliário urbano das nossas cidades em nome da contemplação e do respeito aos nossos antepassados, segundo Ruskin, mas isso significa também, por outro lado, não se posicionar diante da problemática urbana que enfrentamos com altos níveis de déficit habitacional e crescimento horizontal das cidades.

É, portanto, a teoria de Brandi a mais aceita hoje por estudiosos e profissionais ligados à atividade do restauro e interessados pelas questões da cidade, pois ela propõe uma ação intervencionista que respeita a história do monumento, a vida e obra dos que viveram nele, as características originais da edificação propondo um uso racional e adequado. Ele respeita o passado, é coerente com o presente e projeta o monumento saudavelmente para o futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui:

Seguidores